Monólogo: longa fala ou discurso pronunciado por uma única pessoa ou enunciador. Composto pelos radicais gregos monos(um) + logos(palavra, ou idéia). É, ao contrário do diálogo, uma conversa consigo. Ele não se dirige direto a um ouvinte, mas sim a uma pessoa imaginária.

Tuesday, May 30, 2006

Em vão

Corrente de ventos. Fortes
Devasta tomando tudo o que passa
Gela. Devasta-me mais forte
As roupas já úmidas. Roupa se seca
Por dentro já não dá. Revira do avesso
Torce. Ah, como gostaria!
Lá fora o silêncio. Duvidoso.
Estranho. É tudo e vem de todos os lados
Idéias e pensamentos não terminados
Planos apenas começados
Meu plano. Teu plano
Pano, é o que me faz
O que me fiz. Maleável. Sensível
Torça-me. Está úmido
Sim, sim, é o vento
Ventos fortes, em corrente
Em vão. Pelos vãos
E a música é barulho;a melodia
Se faz por dentro
Lá fora o silêncio. Duvidoso
Duvida de mim. Duvida que faço
Te faço. Pra daí me fazer
Devasta-me.

Remédio

Dissolvo açúcar na água
Acalma. Calmante.
Como te dissolver
Também é remédio, também cura.
E assim bebo, te bebo todo
Me refresca, me cura
Depois ilude e me mata

Assim como remédio é droga,
Droga é veneno e veneno mata,
Remédio não cura
É traidor, sínico
Mas vem
Vem e me faça da tua suposta cura
A mim, incurável.

Friday, May 26, 2006

não é normal
tem muito mais dentro do que cabe
e é tanto para falar
tanto pra sair
vem tudo de uma vez
e não passa
não é normal
"dont want much
just 110 %
ill take away your hope and with it all your
left over change that you've kept in a jar
ill be laughing all night as i drink at the bar

some say that im that type of guy
who would sell his own mother, i admit that i tried"
.
.
texto de um amigo que não gostaria de se identificar.

Prima Vera

Atravessa a rua pra encontrar
Na prima Vera, estação cor
Atravessa pra ver
E sentir o cheiro
De flor

Me lembra o que nunca fiz
Como talvez deixei passar
Transporta, é real
Os olhos em te olhar

Saudades da prima
Tão íntima e natural

E como some
E como desabrocha
Deixa lembranças
Consome
Me promete volta

Prima, prima, como te amo!

Tão suave e leve
Atravessa pra ver de perto
É tanta a sua naturalidade
Que faz flor brotar no meio deserto

É linda que dá inveja
Dá vontade de te trazer
Do lugar que não sei onde está
Do lugar que eu poderia
Se achasse
Te ver

Tem que sonhar
Sonhar grande e ir além
Só assim tem graça
Só assim vale

Wednesday, May 24, 2006


You make me dizzy, Miss Lizzy,
The way you rock and roll.

Partes

Seja pela parte que te toca
Seja pela parte que me quer
Se quer, é tocada a melodia
Em qualquer dia, é tocado o que quiser

Sunday, May 21, 2006

Um desabafo...

E tudo corre bem. Mas sempre tem aquele probleminha, aquele porém. Acho que tá faltando objetivo. Um estimulante. Para orientar. Para ajudar. É tanto desapego ao que não interessa. Mas não é que é ruim. É desapego ao inútil. Não estou me fechando ao conhecimento. Só tenho medo de perder tempo com coisas que não são importantes. Para o que sou agora. Para o que serei um dia. E gosto de tanta coisa. Tantos livros para ler. Tantas coisas a fazer. Tantas pessoas que passaria horas conversando. Tudo isso que me acrescentaria. Que poderia aumentar. Tantos estimulantes. Sem querer os perco. E somem. E escorregam. Pesa muito. Deixa mal. Deixa com raiva. Indignação. Aí vem os de lá. Os que não entendem. Que pensam que cálculos preenchem. Ajudam, mas não preenchem. Aceito a ajuda. A preocupação. Só não aceito excessos. O que tanto vem e que na verdade é vazio. Que não me deixa construir. Que pára. Estabiliza e não acrescenta. Os padrões nunca serão atuais. As idéias da sociedade também. Muito menos o que ela impõe. Por isso que sempre ocorrem rebeliões. Revoluções. Aí só depois muda tudo. E quando pensa que atualiza, acontece o mesmo. É um ciclo. Nunca as idéias da sociedade estarão a frente dos revolucionários. Portanto, começo hoje a minha revolução. Vou andar pra frente. Não quero parar. Perder. Ninguém quer. Fazer o que me vai fazer. Lotar a minha cabeça de informações. Cultura. Arte. Atualidades. Mártires. Revolucionários. Serei o que nasci pra ser. O que quero ser. O que me faz seguir por um caminho alternativo. Sem revoltas. Sem guerra. Sem briga. Fazer a minha paz. Me fazer.

Saturday, May 20, 2006

Te ouvir

Quando te ouço
Vem a mistura de opostos
O frio que dá na espinha
O sentimento que não se define
Fico em ar sombrio
Fico de enlouquecer
Me liberta e me reprime
Me faz ir além do impossível
Vibra, ecoa, quase me toca
Dispara e excita
A voz medieval que não pára
Que não faço parar
Que não me deixa parar
Hipnotiza, aguça, encoraja
Tanto que tudo vem do fundo
Tanto que em excesso é falta
Que me faz querer mais
Insaciável
É o prazer de te ouvir.

Ilusório

Tanto que passou distante
Lá longe, onde nem mais nítido é
Onde ficou diluido num mar
Num mar de memórias
Tanto que é ilusório
E passa sem perceber
Cada detalhe que se esquece
Que um dia fizeram parte
Do que nunca foi
E agora vem o que não poderia
Como algo que desperta sem dó
E te faz mergulhar de cabeça
Na água fria, impiedosa
No mais profundo
Onde não se sabe o que é
Onde sentidos inúteis são
Onde se viveu e amou
No que nunca aconteceu
Dos amores que nunca serão

Friday, May 19, 2006

"Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer."
Hilda Hilst

Pega pra largar

"Pega pela pele sem hesitar
Deixe suas marcas por tudo
Pelo corpo que se dá
Me pega pra valer
Querendo por querer
Só pra ter o gosto
E pra decorá-lo depois
Não tenho medo de que me deixe
Se é isso que te faz parar
Não me preocupo com o amanhã
No corpo seu toque, na mente sã
Segure com força
Pra não deixar que escorregue
Não tente olhar atravéz do vidro
Já nada mais se pode ver
É o resultado do que te dou
É o resultado que me dá
Me faça sentir o que tem de melhor
E não pare pra descançar
Só continua pra ver
E insista pra me ver
E sentir o há de melhor
O que nos faz melhor
Pelo menos por agora"...

Tipos que são

é no balanço do som
que se perde a pegar
que se pega a contar
o ritmo das horas
música enlouquente
repetitiva, como a vida que se passa
e repassa sem parar
no coração e na mente

é nos olhos da moça
que sem saber se está certa
acerta na hora de escolher
não pensa na esquina a virar
inconsequentemente está
se deixando apenas levar

é no amor que deixa de ser
no momento em que era
no momento em que não existe
na hora que os amantes se entregam
e viram animais

é no tom banal
com que nos pegamos falando
e reprimindo-se está
se deixando apagar
pois deixa transparecer
o que há de mais feio
sem mesmo saber
que é o mais bonito a se ter.

Dedicado à alguém especial

alguém especial
.
.
é alguém que pensa no interior do que pensa, no mais profundo, na essência

que reflete, que nao vê as coisas como simples coisas, que vai além

que se perde em pensamentos e que aprofunda

é alguém com uma visão a mais, uma segunda visão

alguém não pensa no comum, no óbvio, no conhecido

alguém que desconhece de pensar como os outros

alguém que com os outros não é como é em si

só é quando em si é
.
.
alguém especial

Tuesday, May 16, 2006


Acredito que a vida seja feita de fases
Uma fase estranha
Diria introspecção
Talvez isso
Não sei
Não sei nem muito bem no que realmente acredito
não se perca no que não sabe
encare
vá mais fundo
curta, aproveite
sinta, respire
sem dar tempo
de chegar a ter consciência
é estranho, eu sei
se é bom ou ruim, seilá
mas vai
vai que é diferente
e nunca é tarde para
pra fazer do mais bizarro
e ninguém precisa saber
só você basta
só você ali
onde nunca
onde
onde nem se sabe onde

O jogo (irônico)

Minha vez
Comecei
Joguei o dado
Não gostei
Não interessa
Não tem volta

Sua vez
Continua
Joga e gosta
E quando não
Deixa que eu gosto

É sempre assim
Já virou regra
Me contraria
Pra eu inverter
Faça você, faça o inverso

E quando me alcança
Eu já passei
Quando te passo
Me ultrapassa
Vem sem medo, vem na raça

E me divirto
E se diverte
Me faça rir
Me faça gargalhar
Me faça levar tudo na brincadeira
Sim, sim
Vamos brincar!

Joga comigo
Que eu sei que gosta
Faz de propósito
Que é mais bonito
Só assume depois
Pra eu poder dormir

Sunday, May 14, 2006

se pudesse escolher

se pudesse escolher
gostaria de viver
entre livros, daqueles bem velhos
com paginas amareladas
embaralhados na estante

se pudesse escolher
gostaria de viver
entre tacas de vinhos
brancos e tintos
secos e suaves
com seus sabores mais especificos
e intimos

se pudesse escolher
gostaria de viver
numa cidade apagada e cinza
onde so as pessoas teriam cor
e pela noite, da rua
daria pra ver as janelas amarelas
iluminadas pela luz da lareira

se pudesse escolher
gostaria de viver
num loft, daqueles velhos e enormes
com quadros e tintas colorindo o ambiente
com vista para o parque
onde so eu passearia

se pudesse escolher
gostaria ve viver
ao som de jazz e rock
antigos e moderninhos
tocados na vitrola
que ficaria ao lado
do radio que meu bisavo deixou
-e que pega ate hoje-

se pudesse escolher
gostaria
bem, se pudesse mesmo escolher
gostaria de viver

e eu posso.
e eu vivo.

Saturday, May 13, 2006

Lá (onde não sei onde é)

É lá que sempre é
É lá que sempre é mais
Lá nunca é de menos
Com mar, peixes
E barcos no cais

É lá que ninguém se fala
É lá que ninguém precisa
É lá que lêem olhares
Lá pra lá desses lugares

É lá que pessoas só são
No que são em seu interior
Não moram em casas
Lá moram em lares
Em lares perfeitos
Lá pra lá desses mares

Lá não tem amor
Porque amar é uma criação
Lá se cria tudo
Que faz bem pro coração

Lá não só se pensa
Como também se faz
Não se volta, se vai
E nunca se olha pra trás

Lá não existe não
Assim como não há sim
Lá não tem explicação
Como no infinito não há fim

Friday, May 12, 2006

Tem horas que penso que vou explodir.
Não é mais pensameto, nem monólogo, nem poema, nem verso, nem frase, nem palavra.
É vício.
Ninguém faz nada com você
Ninguém te destrói
Ninguém de deixa mal
Não foram eles que te deixaram desse jeito
Eles na verdade nem existem
Eles é você
É a sua criação
E você faz o que quiser com ela

Sua felicidade não depende dos outros.

Contraste

É como vermelho e azul
De arder o olho
Como cortar cebola
De fazer chorar
Como ficar muito tempo na neve
De queimar
Como ficar muito tempo no sol
De fazer feridas
Como cair no chão
De gritar
Como receber notícia boa
De sorrir
Como ouvir piada
De gargalhar
Como fazer elogio
De gostar
Como ouvir música
De amar
Como ver você.

Minha primeira pintura.
Soa infantil.
É infantil.

Não é legal nem interessante
Bonito não aceito
É talvez para aqueles de fora
Para eles tudo é lindo
Para eles sempre há hora

Transformar tristeza em obra de arte
Fácil para os que a fazem
Difícil para os que são
No mais profundo
No mais escondido
Os tristes que andam pelas ruas
E se misturam na multidão

Thursday, May 11, 2006

Interpretação

Não adianta ser modesto
Tem que falar o que quer
E nunca quer pouco
Sei que quer sempre mais
Do bom e do melhor

Não adianta fingir
Tem que surpreender
Ser surpreendido
Sempre e cada dia
Com o que gosta
Com o que odeia

Não adianta disfarçar
Dá pra ver a raiva
A desculpa esfarrapada
Só pra triste o outro não ficar

Não adianta ingorar
A questão é a visão
Interpretar e ser interpretado
Não levar a sério quando deveria
E não dar valor quando mais se precisa

Não adianta não me ver
Como gostaria de ser vista

Wednesday, May 10, 2006

Efeito

O efeito é visível
Imediato
Calma, que dá tempo
Passa o tempo
Passa a dor
A noite se foi
O dia ainda vai
Não demora
Não demora que dá tempo
Passa o tempo
Passa a dor
Até amanhã já foi
Semana que vem já vai
Não vale a pena esperar, ficar
Vai
Vai que dá tempo
Passa o tempo
Passa a dor
O efeito é visível
Imediato

Por uns minutos

Tá tudo errado
Tá tudo dando errado
E ninguém se dá
Ninguém se doa
Ninguém se cala
Por uns minutos
Pra pensar
Pra ouvir
Pra se ouvir
Pra me ouvir
Me deixa falar
Por uns minutos
Como eu queria falar...
.
.
.
(de baixo pra cima)
.
.
.
Como eu queria falar
Por uns minutos
Me deixa falar
Pra me ouvir
Pra se ouvir
Pra ouvir
Pra pensar
Por uns minutos
Ninguém se cala
Ninguém se doa
E ninguém se dá
Tá tudo dando errado
Tá tudo errado...

Tuesday, May 09, 2006

Meninas e Meninos (uma crítica)

Meninas e meninos. Corpos. Sim, apenas os corpos.
Não pensam. Não refletem. Não sentem.
Chamaria de fúteis. Inúteis. Superficiais. Artificais.
Falsos. Pequenos. Pobres. Meninas e meninos.
Desfilando suas roupas caras e objetos de luxo. Meninas e meninos pobres.
Que ironia!

Sociedade (outra crítica)

Não é como fazem ser
Com tanta naturalidade
Caráter, personalidade
Segurança e firmeza
Preocupações não são percebidas
Tanto faz, que seja

Não é como parecem ser
Com tanto conhecimento que do nada vem
Nem é preciso ler o livro mais
Tanta memória que eles têm
Nem é preciso anotar também

Não é como demonstram ser
Selecionam só de ver
E ainda acertam de primeira
Os que querem
Os que os querem
E até os que você queira

Não é, porque é só tipo
O tipo meu
O tipo seu
O tipo eles
O tipo nós
Os tipos que lotam a cidade
Os tipos da sociedade

Sunday, May 07, 2006

Saturday, May 06, 2006

Obstacle 1 (meu vício)



It's in the way that she posed.
It's in the things that she puts in my hair.
Her stories are boring and stuff.
She's always calling my bluff.
She puts the weights into my little heart,
And she gets in my room and she takes it apart.
She puts the weights into my little heart,
I said she puts the weights into my little heart.

She packs it away

...

Friday, May 05, 2006

É o que é

é o que é
na essência
na vida
na cor

é o que queremos
o que quero
e o que nem sei
quero vida e cor
mas nem parece
me parece
que comigo está tão bem

é o que buscamos
seguindo
ou tentando
querendo agora e sempre
o melhor
sem saber
que o pior vem também

é o que podemos
alcançar nem sempre é facil
melhor ainda é viver
sem poder
dizer
não

Thursday, May 04, 2006

Experiência 2

chega a hora que aprendemos
a não insistir
a não perguntar
a ignorar
a interromper conversas
a mostrar que somos fortes
a ter orgulho próprio
a cortar palavras
a segurar a ansiedade
a curiosidade
a mostrar que estamos bem
que superamos
que vamos muito bem obrigada
chega a hora em que aprendemos
a não mostrar o que sentimos
a deixar as palavras presas
frases inacabadas
situações má resolvidas
aprendemos também
a não dar muito valor para certas coisas
ou pessoas
aprendemos com o que erramos
com o que falamos de errado
com o que fazemos
e com o que deixamos de fazer
mas se tem uma coisa que nunca vamos conseguir
é aprender a esquecer

E nada

não deveria
mas acontece
e vem sem dó
e o quê?
e nada
da janela para fora
da pessoa pra dentro
nada
nada se vê
nada se ouve
não gosto e não quero
mas vem tanta coisa
sem querer
sem eu querer
e o quê?
e nada
nada seria tudo que eu gostaria
de verdade

Falta é coragem

Falta é coragem
No chão não tem nada
O pé
Talvez os passos
Não é diferente
É apenas pra poucos
Loucos
Se seguimos pra frente
É para lá que olhamos
Tentamos
Ou nem isso

Falta é coragem
Não tem nada além do outro
O foco é ele
O foco foge
E os que ficam
São pra poucos
Loucos
Que seguem os olhos
Lêem os olhares
E os outros
Tentam
Ou nem isso

Tuesday, May 02, 2006

Espera (poema longo e chato, como todas as esperas)

a espera muitas vezes é psicológica
tempo psicológico
ou não
a minha foi real
demorou

sentava
levantava
andava
reparava nas pessoas
nos modos
nos gestos
roupas, manias
cabelos, olhos
olhares
mãos, sapatos
golas, enfeites...

andava em círculos
uns mais abertos
para ninguém perceber

reparava no reflexo do vidro
vitrine
é onde conseguimos olhar
para frente e para trás

pensava em nomes
seria Maria?
João?
Maria João?

pensava em músicas
em títulos para produtos que não existem
em cores, formas
em pessoas
em quem amo
em quem acho que amo
e até em quem nem amo tanto assim

ria
por dentro
chorava
por dentro
cantarolava
nem tão por dentro assim

até que encontro uma amiga
diria colega
ou nem isso
não lembro nome
nem faço questão de lembrar
prefiro criar um
Helena
Cristina
Sabrina
não, Sabrina não
não era um Drag Queen

conversas
nem isso
palavras e frases soltas
pausas, de quem não conhece o outro muito bem
de quem tem medo de falar besteira
de dar fora
de quem não se conhece
de duas pessoas normais
frágeis, inseguras
com medo de pensar em ter medo
ridículas

e foi assim minha espera
uma das